30 junho 2015

Resenha - RETROGÊNESE - Edgar Franco e Al Greco



A partir da proposta do Projeto IFanzine de popularizar os zines, os quadrinhos autorais independentes, nós, enquanto estudantes bolsistas do projeto, temos tido contato pela primeira vez com quadrinhos bem diferentes daqueles aos quais estamos acostumadas a ver nas bancas de jornal. Mesmo entre os fanzines que temos recebido, à base de troca, por meio da campanha INTERCÂMBIO IFANZINE ampliada pelo alcance das redes sociais, às vezes temos à mão as publicações de melhor refinamento gráfico e que se enquadram na classificação de publicações independentes. Percebemos que as referidas publicações autorais se destacam pela ousadia e experimentalismo, o que nos instiga a conhecer e perceber que, além dos quadrinhos comerciais existem incríveis artistas que precisam ser conhecidos e apreciados. É o caso da obra em questão.


O Retrogênese foi concebido a partir da parceria entre o artista Edgar Franco, conhecido como Ciberpajé, e pelo quadrinista Al Greco.  Edgar Franco, apesar de produzir um trabalho extremamente autoral e comumente ilustrar com sua arte extremamente personal, roteirizou e delegou ao artista Al Greco, a missão de ilustrar a obra, resultando numa belíssima experiência artística. A publicação possui 36 páginas e foi lançado em novembro de 2014, todo em papel couchê, em formato 21x28cm, com predominância do preto chapado combinado em muito com as simbologias herméticas tal como, de cara, vemos na capa um Auroboros e uma trindade de sólidos geométricos primários, remetendo a significados alquímicos que constantemente são referenciados na publicação. Uma curiosidade é que o exemplar disponível é que o exemplar em nossa zineteca está autografada e com dedicatória do Ciberpajé, com um desenho inédito do autor, algo que ele sempre faz nos eventos acadêmicos e encontros com o público, demonstrando o carinho com o qual este artista se relaciona com sua arte e os leitores.




O álbum Retrogênese, como eu disse acima, é bem diferente, e aposto que não é só para mim. Ele apresenta um mundo distinto do qual vivemos e também um ser mítico, um ser que vive solitário e nunca conheceu um semelhante, que vive em um mundo de sonhos. Ele existe, tem uma vida plena e todos os dias são iguais. Porém tudo muda. O ser acaba "vendo" um semelhante e sai em busca dele, atrás de uma fenda que há no solo de seu mundo, ele então percebe que a vida dele pode ser mais que aquilo que vivia e repetia continuamente todos os dias. Com as mudanças que acabam acontecendo, o ser se vê envolto em sentimentos, dos quais nem sabia que podiam existir, portanto, podemos perceber que uma simples aparição de um novo ser, confunde/bagunça o ser que estava em pleno em seu mundo.  
Vale lembrar que o gênero no qual que este zine se encaixa, de acordo com o próprio autor/roteirista, é o Poético -Filosófico, cujos textos são voltados mais para a reflexão do leitor e isso o faz interagir com a obra.  



A experiência de roteiro e ilustrações feitos por dois artistas diferentes, me parece ser bem difícil apesar de eu mesma já ter passado por essa situação (eu roteirizei e minha amiga ilustrou). Acho bem bacana a criação coletiva. Outro ponto também é o roteiro original que o o Ciberpajé inclui no final do zine, explicando quais foram os pontos de maior importância e ressalta outros. Adorei, enfim, a proposta do zine. Vamos aguardar para mais zines desse tipo!

Para adquirir esta obra:
caminhodirato@gmail.com

Nathália Campanario

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