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Cerca de 1000 pessoas participaram do evento
que aconteceu nos dias 29 e 30 de agosto. |
Com o objetivo de tratar do tema
Depressão no ambiente escolar, realizou-se nos dias 29 e 30 de agosto um
seminário, como atividade letiva para todos os estudantes, que agrupou esforços de equipe multidisciplinar, capitaneada pelo
psicólogo do IFF Macaé, Marcelo Quirino, além de assistentes sociais e corpo
pedagógico da instituição, e cerca de 100 voluntários, a maior parte,
estudantes, sob o título que encerra uma interrogação – “Depressão, e Eu com
Isso?”.
A pergunta em questão, trouxe à
baila a reflexão sobre o papel dos diferentes segmentos da instituição frente a
este problema que, embora presente de forma incontestável como “mal moderno”
frequente na vida de muitas pessoas, não costuma ser tratado de maneira
adequada e frequentemente percebem-se muitos mitos e preconceitos em torno do
assunto.
Segundo o psicólogo Marcelo
Quirino, o evento foi motivado pelo intento de dirimir os tabus e a desinformação
sobre essa psicopatologia que acomete a todos, sem distinção de idade. Considerando
todos os prejuízos claramente perceptíveis em diversos âmbitos, inclusive na
vida dos estudantes e servidores, em suas diversas dimensões, seja social,
afetivo, relacional, profissional, cognitivo ou acadêmico, afeta seriamente a
vida de todos.
Conforme divulgado no portal do
IFFluminense, Marcelo comentou que o evento não pretendeu ser resolutivo de
determinada questão, mas não deixou de possibilitar um outro olhar sobre aquilo
que nos assola. "Temos alunos felizes, menos angustiados, servidores mais
próximos uns dos outros e que trocam informaçoes sobre o que ouviram,
referindo-se ao saldo unanimemente positivo, conforme as manifestações dos
estudantes, servidores, visitantes e pais de estudantes que concorreram
maciçamente ao evento, nos dois dias dedicados à promoção de palestras,
oficinas, apresentações artísticas e também o lançamento e distribuição do
fanzine desenvolvido especialmente pelo Coletivo IFanzine para o evento.
FANZINE DA DEPRESSÃO
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O zine elaborado pelos estudantes do IFF Macaé, apresenta
diversos olhares sobre o tema depressão de forma criativa. |
O Fanzine, com título homônimo ao
evento, foi proposto pela comissão organizadora durante a estruturação da
programação, ao coordenador do projeto IFanzine, Beralto, que prontamente
acatou o desafio de envolver os estudantes na produção autoral. Segundo
Beralto, os estudantes que atuam no projeto IFanzine, bolsistas de extensão e
voluntário(a)s, já estão acostumados a encarar propostas interdisciplinares,
travar parcerias com os diversos segmentos da escola, seja ensino, extensão ou
pesquisa, e conduzir processos criativos à moda “Do it Your Self”, de forma
destemida e espontânea, pois já incorporaram o espírito zineiro de expressar
ideias, deixando de lado a premissa de que a suposta “falta de criatividade” ou
“falta de jeito para artes visuais/manuais” ou a falta de expertise é obstáculo
para se fazer uma revista artesanal. Já são quase cinco anos em que nosso
projeto incorporou ao cotidiano da escola a proposta do fanzine, percebida como
uma ferramenta de inestimável valor tanto no processo ensino e aprendizado,
seja como estímulo à produção textual e/ou método avaliativo, como também, vem
sendo acolhido como mídia alternativa com ampla eficácia educomunicacional. Somente
neste mês de agosto, além do evento sobre o tema depressão que mobilizou toda a
comunidade estudantil, sendo um excelente momento para dar visibilidade ao
fanzine e ao projeto, atendemos mais de 200 estudantes, num trabalho de Língua
Portuguesa e Literatura, como processo avaliativo, subsidiado pelas oficinas
que o projeto realizou à convite de duas professoras da escola”, complementou
Beralto.
Em meio às várias atividades
desenvolvidas em salas de aula e auditórios da escola no decorrer dos dias 29 e
30 de agosto, o projeto IFanzine se fez presente durante todo o evento com uma
sessão de autógrafos, na qual participaram o(a)s estudantes autore(a)s com uma
sessão de autógrafos, que sempre acontece quando do lançamento dos zines
produzidos pelo projeto, como forma de dar relevo ao zine como estímulo à
autoria e estabelecer uma relação mais fraterna e horizontal entre
leitor/autor, prática implícita na cultura fanzineira.
A PRODUÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO ZINE
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O zine, com 20 páginas reproduzido em fotocópia, contou
com tiragem especial de 50 unidades com capa cartoneira. |
A feitura do zine envolveu a
participação do coordenador do projeto IFanzine, o Beralto (Alberto de Souza) e
o psicólogo Marcelo Quirino, coordenando a produção dos estudantes. Realizou-se
uma oficina no mês de julho e aconteceram convocatórias junto aos grupos de
voluntários nas redes sociais. Os estudantes vinculados ao projeto, bem como
voluntário(a)s colaboraram nas produções com cartuns, HQs, ilustrações e
poemas. O fanzine, em formato 10x15cm, 20 páginas em preto e branco,
reproduzido em fotocópia, contou ainda com uma versão online com conteúdo extra
e que foi lançado simultaneamente no dia 30 às 16h, tal como divulgado na
fanpage do projeto IFanzine. O zine impresso contém um QR Code que facilita o
acesso ao link do e-zine. Outra novidade
é que a edição de 300 exemplares contou também com uma tiragem de 50 unidades
com capa cartoneira, utilizando papelão reaproveitado pintado à mão com guache
por meio de técnica de stencil. A manufatura desenvolveu-se em mutirão reunindo
os autores e outros integrantes do corpo de voluntários do evento.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ZINE NO EVENTO
Transcrevemos a seguir algumas
reflexões do organizador do evento, o psicólogo clínico Marcelo Quirino sobre o
evento e a utilização do zine como um dos suportes para o protagonismos dos
estudantes do campus Macaé no evento em questão:
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Sessão de autógrafos, a celebração da autoria, oportunizada
pelo processo criativo DIY. |
“ Falar tudo o que vem à mente é
a lei da Psicanálise. Então quem deita no Divã tem apenas uma regra inicial:
falar. E falar sobre é o que fazemos num processo de análise. Um falar sobre o
que vejo e saber que falaremos sobre aquilo que não vejo, mas verei durante a
fala. Falarei nomes novos que darei a determinados processos invisíveis.
Falarei sobre o sentimento que me determina e sobre como ele gera outro
sentimento. A complexidade e contradição de nossa subjetividade também é objeto
da nossa fala em análise. E quando penso em fanzinar é como se eu tivesse um
upgrade com mais tecnologias sobre esse método psicanalítico: além de falar eu
desenho, borro, pinto, rabisco, poetizo, canto, apago, silencio e demonstro
tudo aquilo que não vejo nem falo pelo traço e pela letra. Fanzinar para esses
alunos que colaboraram para o Zine Depressão e Eu com Isso?! e outros é como
fazer uma análise de si, sem precisar saber do que fala ou pinta, sem censura, sem
interpretação de um outro analisador do discurso. Dar vazão é o processo
principal que durante o fluxo do dito e do rascunhado vai transformando o
sujeito que fala através simplesmente do processo de falar-pintar-desenhar. É na arte da fanzinagem que o aluno se
transforma, se nomeia, se identifica, se diferencia e ali vimos sendo desenhado
juntos um outro Fanzine, não impresso, mas aquele que fica recôndito na alma de
quem fanzineia. Destarte, quem faz um zine necessariamente produz dois mesmo
que não saiba: um divulgamos para outro e o outro divulgamos a si próprio. E
nessa dupla produção, produzo-me à medida que escolho meus traços e desenho uma
autoimagem de uma nova forma, mais autônoma e individual, com menos traços do
outro e mais rabiscos meus de mim mesmo.”
AGRADECIMENTOS E CONCLUSÃO
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Coletivo IFanzine durante o lançamento do zine. |
Em nome do Projeto IFanzine nos
cumpre agradecer ao psicólogo Marcelo Quirino pela sensibilidade e diligência
ao mobilizar a escola para cristalizar bons momentos que nos fizeram honrados
em trabalhar nesta escola e pela oportunidade de dispor do fanzine no ambiente
desta instituição voltada à formação profissional e tecnológica, oportunizando
aos estudantes seu espaço de protagonismo. Foi um dos pontos culminantes deste
projeto que se iniciou há mais de 4 anos, sendo alegrias como essa a força
motriz para novos desafios. Agradecemos também aos estudantes diretamente
envolvidos na produção do zine: Sara Gaspar, Karoll Castro, Duda Belmont,
Mariana Santos, Paulo José, Vitor Manoel, Carlos Henrique, Julie Leão, Keyti
Santos, Ronald Delvalle, Synarha Carvalho e Clara March. Além destes, muitos
outros estudantes que participaram do mutirão para produção do zine e que
acorreram à nossa “linha de montagem”, como ironicamente denominamos o processo
de artesania envolvida na produção do conteúdo durante a projetação e, na etapa
final, a produção das capas cartoneiras e os trabalhos de acabamento gráfico
que envolveu a manufatura coletiva. Fazemos nossas a conclusão do Marcelo, ao
considerar que o evento, que encerrou em seu título uma pergunta, culminou com
uma resposta unânime, advinda do engajamento, protagonismo, construção coletiva
e espaço para rosto e voz dos envolvidos. Assim sendo, declaramos –
Depressão,
e Eu com Isso? TUDO!
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