Rodas de Conversa, lançamentos, mostra e feira de fanzines marcaram O início das atividades da primeira FANZINOTECA pública no interior do Rio. |
O Dia Nacional do Fanzine este ano contou com um evento de destaque nas comemorações que há alguns anos vem sendo celebrada junto a comunidade de fanzineiros, trata-se da Fanzinoteca IFF Macaé que foi inaugurada na última quarta-feira, 11 de outubro, concretizando um meta que há quatro anos vem sendo perseguida – a de reunir o acervo adquirido pelo Projeto de Extensão IFanzine por meio de trocas com a comunidade de fanzineiros, e possibilitar a apreciação e o registro de memória das publicações independentes, além de dispor de um espaço para promover a capacitação de educadores para uso de fanzines na sala de aula, além de proporcionar mecanismos de estímulo à leitura e produção de literatura popular.
Catraca Desfuncional na entrada. |
Feira de zines com vária(o)s estudantes autora(o)s. |
O Coro do IFF Macaé, regido pelo professor Helio Junior, deu início à programação do evento, que contou com exposição do acervo de publicações independentes, feira de troca de fanzines, debates e lançamentos. Na entrada da Fanzinoteca, uma catraca reaproveitada foi instalada para destacar, contraditória e criativamente, a liberdade criativa e o estímulo à autoralidade acessível a todos, pois desde a entrada, os participantes são convidados a contribuir com alguma expressão artística autoral, seja com desenhos, textos ou outras performances.
Jovens estudantes do IFF Macaé e que atuam diretamente no projeto IFanzine lançaram seus fanzines autorais no evento e puderam vivenciar a experiência da fanzinagem em plenitude. “Postar material virtualmente e alcançar retorno é uma coisa, mas estar presente, em contato com pessoas distintas analisando seu trabalho é totalmente diferente. Cada sorriso esboçado, cada expressão de afeição, pedido de dedicatória e perguntas a respeito de meu processo criativo fizeram meu coração dançar no peito como nunca antes. Que venham mais eventos como este” - comemorou Vitor Fortunato, que lançou no evento o zine “PLANETA EMOÇÃO”. Outros zines como “QUE MERDA É ESSA” de Sara Gaspar; “GIRLS” de Duda Belmont; “BOM DIA?” de Keven Rocha; “SEREIANDO” de Clara March e“CRIME E CASTIGO” de Erika Freitas movimentaram as trocas na feira que aconteceu no interior da Fanzinoteca. Destacamos ainda, além dos estudantes da casa, o poeta Max Medeiros, vindo do Rio de Janeiro especialmente para o evento e que, além de participar da feira com seu trabalho muito apreciado pelos visitantes, declamou uma de suas criações no decorrer da Mostra.
Roda de conversa e lançamento do zine MARX NA ATUALIDADE |
Destacamos a presença das artistas Taob, de São Pedro da Aldeia, com suas belíssimas gravuras na exposição “IMAGINÁRIO” e a fotógrafa macaense Amanda Moraes com a mostra “FILOGRAFIAS”.
As rodas de conversa mantiveram a dinâmica de interação e sinergia no decorrer de uma agradável tarde de véspera de feriado, com o lançamento de zines que deram o tom dos bate-papos. Iniciou-se com o lançamento do zine “MARX NA ATUALIDADE” produzido pelo projeto IFanzine em parceria com o professor de filosofia Leonardo Berbat de Brito, que mediou a falação sobre o tema em questão. O zine estréia a “Coleção Fanzinoteca IFF Macaé” selo editorial que pretende destacar a nova Fanzinoteca como espaço de estímulo à produção autoral e subjetivação zineira. Outras publicações e rodas de bate-papo se seguiram, com o relançamento do zine PEIBÊ 5 e depoimentos dos estudantes que atuam no projeto IFanzine e do coordenador, Beralto. Outros zines produzidos pelo projeto em parcerias foram relançados, como o zine Traços de Memória 2, contando com a participação da professora de português e literatura Andrea Barbosa e suas bolsistas Juliana Campos e Erika Freitas. Distribuiu-se ainda o zine “DEPRESSÃO, E EU COM ISSO?
Detalhe do zine GIRLS de Duda Belmont |
Totem Zine, com vídeo produzido pelo Ciberpaje e IV Sacerdotiza especialmente para a Fanzinoteca |
Se fez presente ainda a professora Amábela Cordeiro (UFRJ campus Macaé) que discorreu sobre o projeto COMER PRA QUÊ, direcionado à juventude brasileira com objetivo de gerar consciência crítica sobre as práticas alimentares e que, entre outras ações, utiliza o zine como veículo comunicacional. O produtor cultural e fanzineiro de Casimiro de Abreu, Tiago ABS finalizou as rodas de conversa apresentando seu acervo pessoal de zines e um relato sobre os aspectos subjetivos relevantes na prática da fanzinagem, com ênfase na afetividade e troca presentes como fator de grande motivação para o autor à margem da grande imprensa.
Compuseram a mostra os originais de fanzines produzidos pelos estudantes das professoras de português e literatura Olivia Fonseca e Elida Tuão, com o tema Empoderamento Feminino e que tiveram destaque na Mostra em estantes próprias.
A decoração festiva e um coquetel retrô, servido no decorrer do evento aos participantes, deram o tom de descontração proposta pela organização e o público concorreu durante toda a tarde, com cerca de 200 visitantes até o final do dia.
A Fanzinoteca IFF Macaé informará em breve os dias e horários de atendimento, mas estará permanentemente aberto a visitações mediante agendamento prévio, inclusive para promoções de oficinas, minicursos e lançamento de publicações.
Zines sobre Empoderamento Femino |
Segundo Alberto de Souza (Beralto), coordenador da Fanzinoteca, o espaço representa uma nova fase do projeto IFanzine, pois corporifica o acolhimento do fanzine no Instituto Federal Fluminense, uma vez que temos construído ao longo de 4 anos a inserção da prática da fanzinagem na sala de aula e em ações de extensão, por meio de parceria com professores, que vêm reconhecendo este suporte das revistas de fã como um mecanismo de estímulo à produção textual e mesmo como processo avaliativo. Por sua vez os estudantes têm respondido com entusiasmo na medida em que percebem os predicados da mídia tátil como detentora de atributos únicos e a interação presencial que ela oportuniza - uma vivência ímpar, que a dinâmica das redes sociais não consegue suprir plenamente. Ver de perto um autor com sua revista artesanal e independente, desprovida das amarras comerciais, provoca identificação junto ao jovem que se vê motivado a fazer sua revista também e a explorar seu potencial criativo.
Kit zine "QUE MERDA É ESSA?" de Sara Gaspar, zine escatológico em duas edições, com miniatura de cocô e papel higiênico. |
Para envio de publicações para o acervo da Fanzinoteca:
Instituto Federal Fluminense (A/C Alberto Carlos Paula de Souza) Rodovia Amaral Peixoto, km 164, Bairro Lagoa Macaé-RJ. CEP: 27.925-290
Que maravilha! Parabéns pela incrível iniciativa, grande Beralto! Uma honra e uma alegria fazer parte desse momento tão especial.
ResponderExcluirAdorei...espero que essa ideia se espalhe pelos outros Institutos Federais
ResponderExcluir